domingo, 25 de setembro de 2011

Tolerância é sempre uma arrogãncia velada

“A tolerância é sempre uma forma de arrogância velada. Pois o ato de tolerar não é espontâneo e impõe sempre a suposição de estar fazendo uma concessão arrogante ao outro”.

A ARROGÂNCIA ANUNCIADA DO GOVERNO JATENE CONTRA A EDUCAÇÃO NO PARÁ

Ficou clara, na sessão convocada na ALEPA, essa semana, para discutir a regulamentação, em conta-gotas, do PCCR da educação, proposta pelo governo Jatene, uma intenção prá lá de arrogante. A intenção, nesse caso, assumiu aquele caráter impositivo, pela fala metaforicamente sugerida do secretário: eu te aturo, mas a partir das minhas regras, das minhas afinidades apenas com o que tem de melhor e me satisfaça nos teus direitos.
O discurso do governo da falta de levantamento de dados internos e a suposta identificação de incorreções na Lei, no projeto de PCCR aprovado no governo passado, somam-se em demasiado, para as conclusões das mentes em alerta, da tentativa de ganhar tempo, junto à sociedade, para tentar justificar essa imposição. Alias uma decisão política de gabinete, emanada dos interesses político-partidários e das articulações que se tem impetrado nesse sentido. Ou, não é verdade, que o “secular” comando majoritário do SINTEPP, outrora aguerrido e intransigente, nas questões de classe, parece agora esquálido e benevolente com a imposição de novas regras numa causa legalmente ganha.
De fato os tempos são outros, os interesses e os aliados de uma determinada política de governo também podem ser das mais diversas variedades, ao sabor dos interesses pessoais ou de grupos políticos. Inclusive a imprensa, que já denominou a categoria de “os grevistas”, tem participação efetiva nesse sentido, responsabilizando educadores e educadoras, por não aceitarem o PCCR em conta-gotas, incitando o alunado que ainda está sem os devidos esclarecimentos, a não apoiarem um possível movimento de paralisação.
Mas, engana-se a intransigência e a tentativa arrogante do governo Jatene de querer impor da maneira que lhe convier, contra um benefício integral legalmente garantido. A sociedade fatalmente despertará e perceberá a trama contra a educação no Pará. O que não mudou e não pode ser manipulado são os interesses de classe e a tentativa de persuasão coletiva a abrir mão de um direito líquido e certo.
Claudio Carvalho
Especialista em Educação Superior